sexta-feira, 15 de julho de 2011

O muro

Tenho criado barreiras há anos para que poucos de vocês me conheçam de verdade e assim evitem de comentar ou tentar entender meus gostos, meus sonhos e minhas vontades. Quem vê de fora, enxerga algo que não é real, não que seja falso, é só a pequena parte de mim disponível para visualização.

Nesses vinte e poucos anos, foram raras as situações em que me senti compreendida, talvez não por falta de vontade dos outros, mas pela minha falta de vontade de mostrar, o que, no fim, luto tanto para esconder.

Confesso para algumas pessoas que reparto meus problemas e alegrias, para fulano conto sobre meu trabalho e para sicrano sobre minha família. Choro com um e sorrio com o outro; Sendo assim muitos me conhecem superficialmente e poucos, ou pouquíssimos, conseguem saber quem eu sou juntando as peças de quebra cabeça.

Quando alguém entra nesse meu mundo e consegue me fazer pensar, que seja sobre a vida ou determinada situação, eu percebo que essa pessoa sabe muito sobre mim, e isso me assusta. Porque eu contei tanto? Porque deixei esse alguém entrar no meu mundo? Mas a principal dúvida é: “porque tenho medo que me conheçam?”.

Eu nunca cometi um crime, eu não costumo fazer mal pra ninguém, eu trabalho, tenho meu dinheiro, eu sou formada, eu não recuso ajuda... eu sou uma boa pessoa. Porque não querer ser vista por completo?

Porque vocês não podem saber que eu corro só para o coração disparar, que eu adoro ficar de ponta cabeça no sofá, que eu não gosto de coentro, que eu tenho medo de palhaço, que eu odeio usar uniforme, que eu adoro passar nutella no bis branco, que minha vó é meu exemplo ou que meus primos e irmãs são os maiores amores da minha vida?

Ixi, falei!

Um comentário:

  1. Talvez o muro não seja exatamente uma forma de esconder o que se é... ou de evitar que se descubra. É apenas uma forma de encontrar alguém que te conheça e te entenda independente do muro... Uma pessoa que que aja simplesmente como se não houvesse muro algum, ou melhor, que entenda que este muro é de vidro e conheça cada gesto gesto seu, cada olhar de frustração, de alegria ou de raiva. Que perceba como você franze a testa quando fica desconfiada e como um sorriso seu pode ser tão sincero.
    Talvez alguém assim nunca apareça, ou vire Sophia e se vá da mesma forma que veio. Mais que durante o tempo que esteve presente, foi capaz de derrubar um muro sem quebrar um tijolo......

    Lindo texto. Parabéns!!!

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