sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O mistério da cura

[Escrito em 30 de março de 2009]
Essa é mais uma daquelas histórias sem pé nem cabeça no qual o personagem principal é um homem desleixado que, assim como todos os outros homens, vive em busca de garotas de algumas noites e nada mais.
Esse, nada diferente dos outros caras sedutores, tinha lá seus 1,88 de altura, um óculos para deixá-lo mais charmoso, um ar sério que escondia alguma coisa ainda não descoberta por ninguém e, principalmente, um desejo insaciável de encontrar a mulher perfeita dentre tantas outras mulheres de apenas uma noite.
Certo dia, este homem estava por aí, sem nada pra fazer a não ser procurar mulheres, e conheceu, por acaso, uma garota bem diferente das que ele estava costumado a encontrar.
Ela era sorridente, meio tímida, mas vivia espuletando por aí. Era uma garota séria, dedicada ao que fazia. Gostava de tudo a seu modo. Brincava de ser Deus. Ela queria controlar os pensamentos de quem achasse que poderia dominar.
Não sei o que aquela garota tinha. Ela era diferente. Tinha lá seus dezessete anos e já portava um grande dom para escrever e ler, e em seus cadernos sempre rabiscava um texto ou outro sobre o que sentia ou o que incomodava seu coração.
Ele, inconformado com a vida, não acreditava que uma garota poderia ser assim, tão fascinante, mesmo sendo tão pura e tão inocente no seu jeito de ver a vida.
Alguma coisa lá dentro pulsava mais forte. Ela passava e ele a queria por inteiro. Corpo, mente, alma, coração.
A vida, sempre pregando peças nos mais improváveis momentos, fez com que, de súbito, a garota começasse a enxergar aquele moço com outros olhos. Acho que a garota estava crescendo.
Agora ela vivia sonhando pelos cantos. Fazia rabiscos para contar desse mistério tão ofuscante diante de seus olhos.
Não entendo por que, mas começo a achar que se isso aconteceu, essa paixão repentina de ambos os lados, deve ter algum motivo. Algum significado que fuja da lógica e explique o fim dessa história.
Enquanto estudava o trabalho para apresentar na aula seguinte, a garota aproveitava para dar umas boas gargalhadas com as amigas. Os minutos foram passando e o sinal tocou. Ela juntou seus materiais espalhados pela grama e subiu as escadas rumo à sala.
Já no andar de cima, ela sentou em seu lugar como de costume, preparou os textos para exibir para a sala e, ao levantar, sentiu que toda a sala rodou ao seu redor. Um leve mal-estar, ela pensou. Foi beber uma água e começou todo o procedimento denovo. Mais uma vez sua cabeça balanceou e seus olhos embaralharam. O que estava acontecendo? Sua pressão estava normal, tinha se alimentado corretamente e não havia motivos para ficar naquele estado.
A não ser que. Será? Não, não podia ser. Eu sei que amor, quando é amor mesmo, causa alguns sintomas, mas ela não estaria assim, tão apaixonada, a ponto de adoecer. Não, lógico que não. Isso não passaria de uma dorzinha, um início de gripe, talvez. Mas amor não era. Eu acho.
A menina apresentou seu trabalho, esperou a apresentação dos outros grupos e foi para casa. Ligou para sua mãe, jantou o que tinha sobrado do almoço e entrou na internet para olhar sua página pessoal nesses grupos de relacionamentos on line. Abriu também seu Messenger e ficou ali na frente do computador procurando o que fazer. Alguns instantes se passaram, nada aconteceu. O senhor mistério estava conectado mas não tinha dado nenhum sinal de vida. Porém, em um simples instante, enquanto ela ia até a cozinha devolver a tigela de cereais, ele mandou uma mensagem. Era uma pergunta sem mais nem menos, mas para ela significava muito. Ele havia percebido o sumiço de um depoimento que ela havia mandado com tanto carinho. Ela não quis revelar que era a causadora disso, continuou escondendo o mistério e deixando a conversa fluir. Papo vai, papo vem, a garota já se sentia melhor. Sua face já estava corada de novo e ela se sentia como se nunca tivesse conhecido a dor.
Uma pequena demonstração da presença dele mudou completamente seu estado espiritual e físico. Nem a ciência era capaz de explicar caso tão raro.
Eu não sei não. Mas para ela, aquele cara era diferente. Ela o via colorido, quando para si, todo o resto não tinha cor. Não sei o que ele tinha. Mas era só ele que tinha.
Talvez o charme de parecer mais adulto do que era mesmo, ou sei lá. Ele não tinha explicações.
Mas por mais que o mundo não consiga definí-lo, ela ainda continuava seus rabiscos falando de como era incrível aqueles 1,88m de altura e aqueles óculos misteriosos. Ela buscava descobrir o que tinha aquele homem que na verdade era um garoto mais novo. Mas em suas fantasias continuava sendo aquele cafajeste curador de doenças não-existentes.

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