É quando a gente se acomoda que percebe que alguma coisa está errada. Falta o afago nos cabelos e o jeito de segurar sua mão quando a dor te domina. Não que sua vida esteja uma droga sem ninguém pra te acompanhar, mas é que quando a gente se acomoda, sente falta daquilo que era sempre uma surpresa.
Sabe aquela sensação de sair de casa e deixar o cãozinho triste te esperando retornar. Então quando você abre a porta de casa, mesmo sabendo que ele estará la te esperando com o rabinho balançando todos os dias da mesma maneira, seu coração fica feliz de ver que ele te aguarda desesperadamente para ganhar um carinho, deitar no sofá ao seu lado enquanto você fica mudando de canal na tentativa de encontrar alguma coisa que preste na televisão.
É disso que sentimos falta. Quando sabemos que tem gente nos aguardando e mesmo assim somos surpreendidos todas as vezes com um sorriso cada dia diferente, com os olhos cada dia mais radiantes. E quando não temos isso, aos poucos vamos nos esquecendo de como era bom se deparar com aquela recepção tão surpreendente.
Hoje quando a gente para e pensa que a vida era boa e a gente reclamava e que hoje não temos metade do que tínhamos dá aquele aperto bem devagarinho que até parece que veio só pra cutucar a vida, porque tava tudo em paz. Se não fosse aquela noite e aquele olhar e aquele abraço, tudo estaria no lugar. Se não fosse, mas é. Não tem como prever o que acontece a cada vez que cruzam esses nossos caminhos sempre tortos. É uma grande surpresa, da mesma maneira que foram todas as vezes em que ele esperava com um sorriso estampado na cara e um coração de asas abertas a te fazer voar.
Faz falta a sensação de despencar do penhasco e sentir o vento no rosto e cair num colchão de nuvens e sair sem nenhum arranhão. Faz falta mas a vida é tão engraçada que hoje se a gente pular é capaz de nunca mais voar. Esses caminhos são desertos, fechados e a gente nunca sabe onde vai dar!
segunda-feira, 5 de julho de 2010
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